segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Seja clara!

Após um ano de muito trabalho, em casa com a empregada nova, e na empresa, com vários projetos que lhe consumiram todas as energias, a patroa resolveu parar um mês inteiro. Achou por bem combinar suas férias com as da ajudante do lar e apenas comunicou o fato à moça. Aliás, no último ano ela mal tinha tido tempo de conversar com a funcionária, tamanho era o volume de trabalho.
Todos saíram de férias, a moça assinou uma papelada danada, pegou o dinheiro e partiu. Passados os 30 dias, a patroa voltou, mas a empregada não. A mulher imaginou que fosse algum mal-entendido em relação às datas de retorno e foi conferir os recibos de férias. Estava tudo lá. A moça tinha que ter voltado naquele dia. A patroa então pensou que pudesse ser algum problema com ônibus, saúde, etc e resolveu aguardar mais um dia.
Passados três dias, perdeu a paciência e ligou para a casa da moça. A mãe atendeu e e informou que ela estava no trabalho. A patroa insistiu que não, ela não tinha aparecido ainda e a família esperava por ela, assim como pilhas de roupas para lavar e passar...
- Ela tá no emprego novo! - informou a mãe da moça.
- Como? Ela arrumou outro emprego sem me avisar? - gritou a patroa.
- Mas doutora, a senhora dispensou ela! - retrucou a mãe com simplicidade.
- Não dispensei, não.
- Dispensou sim. Saiu de férias e mandou ela pra casa.
- Mas ela também estava de férias! - esbravejou a patroa.
- E pobre tem direito a férias, dona? A senhora acha que ela ia ficar o mês inteiro parada, sem trabalhar? Quando o dinheiro do acerto acabasse o que ela ia fazer?
- Que dinheiro do acerto? - questionou a "doutora".
- Aquela bolada toda que a senhora pagou. Sei que pagou aquilo tudo para ela não reclamar que a senhora nem deu aviso, mas vai acabar um dia né...
- Mas, minha senhora, aquele dinheiro todo era o adiantamento de férias!
- Adiantamento? Então ela ainda tá devendo a senhora? - gritou do outro lado a mãe zelosa.
A patroa procurou se acalmar e explicou para a mulher as leis referentes às férias. Por fim, questionou:
- Ela não leu nada do que assinou?
- Claro que não! Ela só sabe ler o nome dela, nada mais.

Lição:

Não custa nada explicar tudo o que está escrito nos documentos e perguntar várias vezes se existem dúvidas. Por vergonha de não saber ler ou não entender dos próprios direitos, sua funcionária pode desaparecer da noite para o dia.

Um comentário:

Anônimo disse...

O problema é que as pessoas mais esclarecidas, com certo estudo, não querem ser empregadas domésticas. Preferem ganhar um salário mínimo ou só comissão no comércio do que trabalharem em casa de família. Daí, resta-nos o resto... lamentável