Perdoem-me, mas vou e volto, sem muito compromisso em postar histórias todos os dias, na verdade, sem muito tempo. Minha empregada consome parte do tempo que teria livre, mas, hoje, não resisti. Tive que entrar rapidinho para contar sobre o pão de cebola.
A família de minha mãe, composta por 12 irmãos, seis mulheres e seis homens, todos casados, rendeu-me 12 tias, 12 tios, 104 primos de primeiro e segundo grau (na última contagem) e muitas, muitas receitas. Praticamente todas trocadas em dias de festas, à beira do fogão à lenha, lá na roça. Pobre não tem sítio, rancho ou fazenda. Tem roça para passear nas férias. As noites sempre terminam à beira do fogão à lenha e almoço, lanche e jantar são momentos de conversar sobre comida! Nem bem terminamos o almoço e já discutimos o bolo do lanche da tarde, receita nova de alguma tia, que copiou da vizinha, que recebeu prova da velha tia... uma corrente confusa e sem fim. Então, receitas na minha família, não raro, levam nomes das pessoas que nos ensinam a fazê-las. Exemplo: o bolo do Divino, um pedreiro que trabalhou na minha foi batizado pela minha mãe. Pois é, a mulherada troca receita até com pedreiros. E o bolo do Divino, feito de iogurte, é delicioso e fácil de fazer.
Existem também as Rosquinhas da Tia Nenê, a Coxinha da Cida, o macarrão de Panela de Pressão da Tia Selma, o famoso Kibe da Conceição (minha mãe), A Abobrinha da Tia Ione, a Esfirra da Tia Doca... e o Pão de Cebola da Tia Selma, protagonista deste post.
Outro dia, resolvi fazer o pão de cebola para meus filhos, sob o olhar atento da Dona Penha, minha ajudante com problema de Tico e Teco. Preparada a massa, como manda a tradição e a receita, separei pequena bolinha e coloquei no copo com água. O objetivo é saber o tempo certo de "descanso", na verdade, fermentação, para levar os pães ao forno. Quando a bolinha bóia, esta é a hora. Não existe relógio mais preciso.
Por duas vezes, Dona Penha jogou fora a água com a bolinha enquanto arrumava a cozinha. Quando dava falta da danada, colocava outra amostra, acreditando que tinha esquecido dessa etapa. Ao perceber que ela esta purgando meu "relógio" avisei que aquilo era importante "para a massa crescer". Modo mineiro de falar que nos encurtar as explicações.
Para resumir a história, o pão deu certo, embrulhei alguns e mandei que levasse para casa. Ela adorou e levou também a receita para fazer para a família. Na semana seguinte voltou enfurecida, alegando que o pão dela não crescera. Fui rastrear o problema:
- Você usou o fermento Fleishman (biológico), pois não é o Royal?
- Não usei fermento, porque não tinha em casa, mas fiz a simpatia...
- Qual simpatia, Dona Penha?
- Coloquei a bolinha na água para crescer, uai!
Preciso contar mais, uais?
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