terça-feira, 16 de dezembro de 2008

Pão sem fermento

Perdoem-me, mas vou e volto, sem muito compromisso em postar histórias todos os dias, na verdade, sem muito tempo. Minha empregada consome parte do tempo que teria livre, mas, hoje, não resisti. Tive que entrar rapidinho para contar sobre o pão de cebola.

A família de minha mãe, composta por 12 irmãos, seis mulheres e seis homens, todos casados, rendeu-me 12 tias, 12 tios, 104 primos de primeiro e segundo grau (na última contagem) e muitas, muitas receitas. Praticamente todas trocadas em dias de festas, à beira do fogão à lenha, lá na roça. Pobre não tem sítio, rancho ou fazenda. Tem roça para passear nas férias. As noites sempre terminam à beira do fogão à lenha e almoço, lanche e jantar são momentos de conversar sobre comida! Nem bem terminamos o almoço e já discutimos o bolo do lanche da tarde, receita nova de alguma tia, que copiou da vizinha, que recebeu prova da velha tia... uma corrente confusa e sem fim. Então, receitas na minha família, não raro, levam nomes das pessoas que nos ensinam a fazê-las. Exemplo: o bolo do Divino, um pedreiro que trabalhou na minha foi batizado pela minha mãe. Pois é, a mulherada troca receita até com pedreiros. E o bolo do Divino, feito de iogurte, é delicioso e fácil de fazer.

Existem também as Rosquinhas da Tia Nenê, a Coxinha da Cida, o macarrão de Panela de Pressão da Tia Selma, o famoso Kibe da Conceição (minha mãe), A Abobrinha da Tia Ione, a Esfirra da Tia Doca... e o Pão de Cebola da Tia Selma, protagonista deste post.

Outro dia, resolvi fazer o pão de cebola para meus filhos, sob o olhar atento da Dona Penha, minha ajudante com problema de Tico e Teco. Preparada a massa, como manda a tradição e a receita, separei pequena bolinha e coloquei no copo com água. O objetivo é saber o tempo certo de "descanso", na verdade, fermentação, para levar os pães ao forno. Quando a bolinha bóia, esta é a hora. Não existe relógio mais preciso.

Por duas vezes, Dona Penha jogou fora a água com a bolinha enquanto arrumava a cozinha. Quando dava falta da danada, colocava outra amostra, acreditando que tinha esquecido dessa etapa. Ao perceber que ela esta purgando meu "relógio" avisei que aquilo era importante "para a massa crescer". Modo mineiro de falar que nos encurtar as explicações.

Para resumir a história, o pão deu certo, embrulhei alguns e mandei que levasse para casa. Ela adorou e levou também a receita para fazer para a família. Na semana seguinte voltou enfurecida, alegando que o pão dela não crescera. Fui rastrear o problema:

- Você usou o fermento Fleishman (biológico), pois não é o Royal?

- Não usei fermento, porque não tinha em casa, mas fiz a simpatia...

- Qual simpatia, Dona Penha?

- Coloquei a bolinha na água para crescer, uai!

Preciso contar mais, uais?

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Aprendiz de motorista

Esta história seria cômica se não fosse verdade, mas se você sentir vontade, deixe o riso rolar. A patroa em questão, uma amiga, já consegue dar gargalhadas depois do susto...

Teresa chegou em casa cansada do trabalho, do trânsito e da rodovia que enfrenta até o condomínio onde mora, na região Sul de Belo Horizonte. Faz o percurso todos os dias no ônibus do condomínio porque não se sente tranquila na BR-040. Achava que os receios eram em relação ao antigo carro, um Corsa Wind com idade já avançada, mas a segurança não veio com a compra do Fiat Idea. Concluiu que os problemas eram a estrada e a própria insegurança.

Não sabia Teresa que sua empregada doméstica não era nada insegura.
Voltando ao momento em que chega em casa após o trabalho, logo percebe que está tudo desarrumado e que não tem ninguém ali. Pior, seu carro, o Idea com duas semanas de vida, não está na garagem. O telefone toca. É um dos seguranças do condomínio que pergunta:

- Aquele Fiat Idea batido no poste da alameda tal é seu?

Como todo mortal, Teresa empalideceu e saiu em disparada para o local. A visão, desoladora, era seu carro zerinho quase sobre o poste tombado, com a frente totalmente destruída.

Ela voltou para casa, deu alguns telefonemas e descobriu que sua empregada que saiu do Norte de Minas, nunca dirigiu na vida, estava aprendendo a pilotar pelo condomínio a bordo do seu carro, muitas vezes, levando seu filho de três anos como passageiro. Por causa do acidente, a moça abandonou tudo e correu para a casa da mãe. Esta, inclusive, queria que Teresa não demitisse a filha por justa causa e pagasse a indenização.

Lógico que o acidente rendeu muita conversa no condomínio e ouvindo os vizinhos, Teresa soube que a auxiliar também tinha circulado pelos arredores a bordo do Corola do marido dela. Ninguém comentava com o casal por achar que os patrões fossem permissivos.

- Pior é saber que ela levava meu filho para essas aventuras! - indigna-se minha amiga!

Pois é! Pode rir, mas não deixe de estabelecer no contrato com sua empregada que ela não pode pegar o carro da família sem autorização prévia!

Voltei!

Amigos, andei sumida do pedaço. Emendei férias, curso fora, retomada das atividades depois das férias e... - adivinhem? - troca de empregada! Mas voltei e cheia de causos enviados por leitores, amigos e outros vivenciados por mim.