O nome parece feito sob medida para alguma iguaria que concorre ao Comida di Buteco. Se você não conhece Belo Horizonte, tenho que explicar que se trata de um festival gastronômico do qual só participam butequins da capital mineira. Além de agradar ao paladar dos jurados, o prato também deve ter nome criativo.
Mas, o caso em questão aconteceu muito antes do festival ser criado, para ser precisa há uns 15 anos e a 320 Km de Belo Horizonte. Lá em Governador Valadares, Irene, a moça que minha mãe trouxe do interior para trabalhar em nossa casa quer comer "aquilo que todo mundo comia escondidinho".
Estamos na pizzaria, por decisão do meu pai que resolveu apresentar a iguaria italiana à Irene. Ela se esbaldou, lambuzou-se toda com a muzzarela quentinha a escorrer do garfo e riu à beça das córcegas que sentia ao solver o guaraná. Ao final, encantou-se com o sorvete. Parecia uma criança.
Fomos para casa e meu pai quis saber o quanto tinha agradado:
- Gostou, Irene?
- Muito! - voz grossa, quase masculina.
Silêncio e volta-se para meu pai:
- Mas fiquei com vontade de comer outra coisa.
- Por que não disse? O que era?
- Não sei o nome, por isso não falei.
- Conte-me como era.
Com uma das mãos em concha sobre a boca e o dedo indicado dentro da concha respondeu:
- Também não sei, todo mundo comia escondidinho, assim.
Difícil não rir e mais complicado explicar que o palito ninguém comia. Naquela época, palitos ainda eram usados em locais públicos com a finalidade de limpar os dentes.
Lição:
Quando contratamos uma secretaria do lar, trazemos uma nova realidade para nossos lares e quem tem filhos pode aproveitar ao máximo da situação para mostrar a eles as diferenças sociais do nosso mundo, além de orientá-los a respeitar as diferenças.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário